Órfã de mãe na vida real, Ana Karolina Lannes diz que jamais deixaria alguém tratá-la como faz a personagem de Adriana Esteves com Ágata.
No hall de um hotel na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, Ana Karolina Lannes desce sozinha do elevador e vai em direção à equipe do EGO. Com os cabelos lavados e cheirosos e maquiagem feita por ela mesma com sombra douradinha no olho e um gloss transparente nos lábios, a atriz de 11 anos cumprimenta os jornalistas e os manda segui-la para um local do prédio, "perfeito para a entrevista". Sempre com as mãozinhas no bolso da bermuda branca, diz oi para um grupo de cinco porteiros e aproveita para brincar com eles: “Isso é o clube do Bolinha, é?”
A atriz, que no dia 11 completará 12 anos, é uma miniadulta num corpo de criança. Desde que começou a gravar como Ágata - a filha que sofre bullying da mãe Carminha (Adriana Esteves) em “Avenida Brasil"- Ana Karolina mudou-se da Vila Mariana, em São Paulo, para o Rio, onde vive com a irmã do meio, Letícia, de 22 anos. É Letícia quem se reveza no papel de irmã e mãe. Elas ficaram órfãs quando Karolina tinha cinco anos. A menina estava sozinha quando Liane Catarina sofreu um AVC na casa onde moravam, no Rio Grande do Sul. Ana fala de seu drama espontaneamente, numa forma inconsciente de se libertar do trauma.
“Lembro que quando a minha mãe teve um AVC, eu estava sozinha com ela em casa. Assisti a tudo de perto. Tive que chamar a emergência, mas acharam que era um trote. No fim, foi minha vizinha quem me ajudou. Mas ela chegou morta ao hospital. Acho que por causa disso aprendi que a gente tem que dar valor a tudo. Pois só damos valor quando se perde, né?”, constata Ana.
A atriz também morava com as duas irmãs - a mais velha é Juliane, 30 anos - quando a mãe faleceu. Ao ficarem órfãs, elas se separaram, e Ana Karolina foi adotada pelo irmão de Liane, Fabio Luiz, que considera seu pai. “Ele é um herói para mim. Não conheci muito meu pai. Para mim, pai é ele. Às vezes dá saudade da minha mãe, porque mãe é mãe. Mas como passei pouco tempo com ela, acho que não criei um grande afeto por minha mãe. Digo para o meu pai: quando tiver o meu primeiro namorado, vou sentir falta de uma mãe por perto. Mas ele me disse que vai estar lá do meu lado para me confortar, e isso é muito bom.”
Seu primeiro trabalho como atriz foi aos cinco danos de idade num especial de Natal do “Zorra total” ao lado da dupla Marcius Melhem e Leandro Hassum. Desde então, não parou mais, e vieram muitas novelas na sequência. Com cada atriz que contracenava, criava um elo de amor. “Digo que perdi uma mãe mas ganhei muitas. Todas as pessoas com que trabalhei,Vanessa Giácomo, Leandra Leal e agora Adriana Esteves, sempre me trataram como filha. Criei grande afeto com elas. São como mães para mim.”
A maturidade precoce a faz saber distinguir que o tratamento dispensado pela personagem de Adriana Esteves à filha Ágata não passa de puro profissionalismo. Tanto que ela garante não levar para casa os maus tratos de Carminha. “Todos os papeis que fiz eu sempre soube separar o que era trabalho e o que era vida real. O que me falavam lá dentro, ficava lá. Eu me baseei no fato de a Adriana ser uma pessoa muito legal. Entrou no estúdio, é a Carminha. Lá fora, é a Adriana. Eu nunca vou deixar uma pessoa me colocar para baixo. Eu tenho uma autoestima muito elevada. Quando ela me xinga no estúdio, fica preocupada e avisa que não acha nada daquilo. Se fosse aqui fora, se alguém me falasse o que ela me fala, eu teria uma resposta na ponta da língua. Eu não deixo me dizerem desaforo, não”, avisa a taurina.
Ana Karolina retribui o carinho de Adriana Esteves através de desenhos. Ela fez um curso por correspondência de mangá e depois que volta da escola e decora os textos da novela, passa o tempo desenhando bonequinhas. “Não desenho bem. Mas depois do curso de mangá, melhorei. Dei vários desenhos para Adriana Esteves. Também fiz um para a filha da Débora Falabella (Nina) que faz aniversário dia nove.”
Apesar de todas as dificuldades que viveu, garante que é uma pessoa feliz. “Estou muito feliz. Sou uma atriz completa, não falta nada. O amor que talvez a minha mãe tivesse me dado, eu conheci ao longo da vida com meus avós, meu pai e com as pessoas que trabalham comigo. Todas elas me dão esse amor.
Fonte: http://ego.globo.com/
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